Ao final do mês de março, a Gestão Romildo Bolzan apresentou ao Conselho Deliberativo do Grêmio a prestação de contas do exercício 2022, seu último ano no Clube.

Aprovado pelo CD, o resultado negativo nas finanças, já esperado, confirmou-se: déficit de R$ 96,3 milhões, efeito direto dos insucessos desportivos enfrentados.

Nos anos anteriores, a sucessiva apresentação de superávit nos balanços, aliada aos resultados positivos de campo, ainda que esses em declínio ano pós ano, mascararam as deficiências de gestão no Departamento de Futebol e culminaram na desastrosa temporada de 2021.

O temor pelo rebaixamento levou o Clube a realizar o maior investimento de sua história no Futebol, o qual por não obedecer a critérios técnicos não trouxe retorno, ocasionando no descenso ao final do Campeonato Brasileiro.

Em 2022, a direção voltou a incorrer em erro ao não conseguir reduzir despesas do Departamento de Futebol, mesmo com a queda abrupta de receitas, e atravessou a famigerada Série B “ostentando” o maior orçamento dentre os 20 clubes participantes da competição. Mesmo que não se considere os prejuízos esportivos e de imagem, o desastre financeiro, que teve o rebaixamento como causa direta, aprofundou-se diante de uma conta que jamais fecharia: manutenção de despesas x perda de receitas.

Inevitavelmente, a Gestão teve de buscar recursos no sistema financeiro para suprir despesas operacionais, provocando depois de muito tempo o aumento das dívidas. O grande mérito da política financeira de Romildo Bolzan - a redução do endividamento histórico - iria assim por água abaixo.

Torna-se claro, a partir desse cenário de 21/22, que a busca pelo sucesso esportivo deve preceder a questão econômica e a ambição por superávit. O fracasso no futebol em 21 causou inúmeros e gigantescos prejuízos financeiros, gerando por consequência o “rombo” do ano seguinte e impactando diretamente nas temporadas posteriores. A conta, afinal, terá de ser paga.

É importante observar, ainda, que o exercício 22 está compartilhado por duas gestões, a anterior e a atual, o que de certa forma explica o enorme déficit - na casa dos R$ 100 milhões - apresentado no âmbito do CD, que contabilizou as contratações efetuadas em dezembro último, já sob comando do presidente Alberto Guerra. Tais despesas refletem sobremaneira no resultado financeiro passado, justamente por estarem relacionadas ao trabalho do novo Departamento de Futebol na montagem de um grupo competitivo para 2023.

O ano corrente, até o momento analisado, merece ser considerado como positivo para o Clube, esportivamente. Contudo, faz-se necessário atentar para o fato de que a previsão para 23 é de déficit na casa de R$ 49 milhões. O que obrigará o Clube a seguir trabalhando arduamente com criatividade para reduzir despesas e criar receitas, almejando outra vez a retomada do ciclo da década passada: equilíbrio financeiro através do sucesso esportivo.

Rafael Lima - Conselheiro do Grêmio

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